sábado, outubro 07, 2006

Colinho

"Quanto mais fundo é o colo, mais alto nos leva. Eu não garanto, mas acho que é pelo colo que tivemos que talvez estejamos todos muito mais preparados para sermos amados do que para amar. Desse «olha por mim!», guardado em nós, torna-se, para sempre, apetitoso que nos aconcheguem as ideias e pareça já um hábito que, delicadamente, nos cubram (e acalentem) os arrepios que as desilusões nos trazem. Somos, por dentro, crianças para sempre. E, embora nos digam o contrário, sermos como somos obrigaria que andássemos com os pés na Terra e a cabeça na Lua. Com assombro e com encantamento. Com a vista na ponta dos dedos, descobrindo os «intestinos» das coisas, e perguntando «porquê?» (muito para além da idade dos porquês)."

in Sá, Eduardo. (2006). «Crianças para sempre».


E eu sinto que não me posso queixar, têm-me carregado muito ao "colo" , e talvez por isso, mesmo que mais preparada para ser amada do que amar, eu sei que também devo retribuir. Acho que se pode chamar maturidade a isto - um tempo em que também olhamos por alguém, e sobretudo por aqueles que já nos deram tanto colo - mesmo que por dentro continuemos com os pés na Terra e a cabeça na Lua. Mesmo que com assombro (que também pode ser o medo de perdermos aqueles de quem gostamos) e encantamento (que o amor gratuito de uma mãe por exemplo sempre nos trás).

Desejo-vos a todos muito colo (para dar e para receber) :)

1 comentário:

Miguel Araújo disse...

Colinho é muito bom... seja a dar ou a receber...