quinta-feira, setembro 07, 2006

Os frutos da felicidade


Hoje li que:



“A felicidade é um raio de uma sementeira que, uma vez plantada, nunca pára de dar fruto.
É pena o fruto ser um veneno tão grande, sem antídoto, sem fim. É pena o fruto ser a saudade, o abatimento e o desespero na versão mais comezinha e mais fatal de já não haver esperança (…). Mas a felicidade é nisto que dá, mais tarde ou mais cedo, mas sempre cedo de mais. Mesmo quando é muito tarde dá em tristeza e saudade, e noutras coisas não tão bonitas de se dizer (…).”
Miguel Esteves Cardoso in Independente, 1 de Setembro de 2006
(Última Edição)



E isto fez-me recordar, como muitas vezes se torna necessariamente importante provar do “fruto da felicidade” para apreciar melhor a “sementeira”; experimentar o vazio da morte, para reflectir o conteúdo da vida; conhecer o sabor amargo da mentira para aprender a saborear o paladar libertador da verdade nua e crua.


Fez-me lembrar como em última instância, pode ser necessariamente importante encontrarmo-nos mesmo junto do precipício, para ganharmos a vontade de dar um passo atrás e fugir a sete pés, com a forte convicção de tudo ir fazer para não mais lá voltar. Ou então, sermos cercados pelo desejo de saltar, numa de “seja o que Deus quiser” , restando-nos a certeza de que (mesmo que o que encontremos seja apenas um imenso vazio sem amparo), esta experiência nos deixará marcas, reformulando a nossa visão de nós mesmos e do mundo, e, ajudando-nos a delinear a por vezes tão ténue fronteira entre o bem e o mal.



P.S. Já agora, se alguém vir por aí o Sr. José Júdice, faça-me o favor de lhe dizer que “eu dei conta” do fim do Indy e que também fiquei triste, e que não foi só por ficar sem as crónicas do Zé Diogo…

1 comentário:

MH disse...

Grandes estas tuas palavra… Sim! A vida é isto mesmo, fazer retiradas para voltar em força, sofrer, atirar-nos de cabeça, viver a felicidade e chorar a tristeza… Tudo é verdade, mas quem não vive tudo isto, é porque não está a viver o suficiente :)